Crescimento, inserçao externa e estratégias de desenvolvimento no Brasil e na China

O objetivo desse artigo é examinar as políticas de inserção econômica internacional através do comércio exterior da China e do Brasil relacionando- as com as suas estratégias de desenvolvimento recente. Sustenta-se aqui que a baixa produtividade na produção de alimentos, a grande dependência chinesa às importações de bens de capital requeridas para acelerar a industrialização e a recusa a uma estratégia de alta dependência ao financiamento externo conduziram, no final dos anos 70, a uma ampla estratégia estatal de promoção de exportações e simultaneamente de atração ao investimento externo. A estratégia chinesa de construir um amplo mercado interno e de promover as exportações de forma articulada com os investimentos externos encontrou, nos anos 80, um ambiente geopolítico e uma macroeconomia regional amplamente favoráveis. Nos anos 90, esta estratégia de “articulação desde dentro” vem sendo mantida pelo governo ainda que sob maior pressão econômica e política dos EUA que tenta impor à China maior abertura financeira e comercial.

A estratégia de construir um grande mercado interno articulado com grandes firmas internacionais caracterizou a industrialização brasileira nos anos 50. Nos anos 70, a diversificação produtiva e o aprofundamento da industrialização foram viabilizados por rápida expansão das exportações, aproveitamento estratégico das rivalidades das potências dominantes e, ao contrário da China, elevado endividamento. Sob o peso da dívida externa e das pressões comerciais e financeiras internacionais, a estratégia do governo brasileiro desde o final dos anos 80, mais especialmente a partir de 1994, buscou um tipo de integração internacional centrada não mais na promoção do seu mercado interno mas em uma integração “desde fora” baseada em nova internacionalização produtiva, com a plena conversibilidade da moeda e abertura indiscriminada da economia. Este tipo de integração, ao contrário da que prevaleceu historicamente no país, na qual o tamanho do mercado interno era um grande instrumento de negociação, “colide” com aspectos estruturais da economia, que se manifestam, entre outros aspectos por estratégias empresariais que permanecem dirigindo seus investimentos preferencialmente para o mercado interno. Tendo em vista o alto coeficiente de importações e o elevado passivo externo, o crescimento da economia permanece constrangido pela limitação de balanço de pagamentos decorrente da sua forma de inserção externa.

Além desta introdução este artigo compõe-se de cinco seções. Inicialmente a relação entre crescimento econômico e exportações no Brasil e na China será examinada à luz de aspectos estruturais das duas economias. Na seção seguinte, serão considerados aspectos regionais e geopolíticos que marcaram as estratégias recentes de crescimento nos dois países. Nas duas últimas seções, as estratégias nacionais de industrialização e o tipo de inserção internacional à elas associadas serão consideradas separadamente. Por fim, são apresentadas algumas conclusões.

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