Os Dilemas da Integração Sul-Americana

Com a entrada do novo milênio, multiplicaram-se na América do Sul diver- sas iniciativas visando à constituição de uma área econômica integrada. A incorporação da Venezuela ao Mercosul e as propostas de uma Comunidade Sul-americana das Nações (CASA) e de uma Aliança Bolivariana das Nações (ALBA) são algumas iniciativas de um processo iniciado nos anos 80 e que vem adquirindo crescente importância econômica e política. As iniciativas de integração regional em que o Brasil assumiu papel de protagonista vêm se dando num contexto de afirmação de um projeto político e econômico alternativo ao que os Estados Unidos implementaram na América do Norte (NAFTA), na América Central (CAFTA) e propuseram para o conjunto da região — a ALCA (Área de Livre-comércio das Américas) — e aos acordos bilaterais de livre-comércio (FTA) que, isoladamente, esse país assinou com o Chile, a Colômbia, as nações do Caribe, além do proposto para o Peru.

 

Tal projeto de afirmação de um bloco integrado permitiria aos países da região obter maior poder de barganha, maior coesão econômica e social e influência política nos fóruns e organismos multilaterais. Entretanto, a despeito das proposições e iniciativas favorecedoras de uma maior integração dos países da América do Sul, a definição dos objetivos econômicos e sociais principais, as estruturas econômicas e de poder nacionais, as estratégias formais de integração e os regimes de política econômica — tais como os que se desenvolveram nos últimos anos na América do Sul — são contraditórios com essa intenção geopolítica. A ênfase posta no livre-comércio, o descompasso entre o predomínio das iniciativas brasileiras e o seu crescente saldo comercial intra-regional, as assimetrias entre os países e a debilidade das iniciativas em direção a uma carta social inibem, se não forem superados, a construção de uma área econômica integrada.

Para aprofundar e delimitar essa proposição, pretende-se dividir este texto em três seções. Na primeira será apresentada uma discussão sobre o regionalismo salientando suas dimensões geopolíticas, comerciais, macroeconômicas e de eqüidade. Na segunda, serão considerados alguns traços de diversas experiências históricas de regionalização. Na terceira, a experiência recente da regionalização sul-americana será considerada.

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