China: Desenvolvimento Econômico e Ascensão Internacional

A estratégia de modernização e de transição econômica para uma economia de mercado liderada pelo Estado implementada na China desde as reformas iniciadas em 1979 por Deng Xiaoping manteve-se nas últimas décadas sem solução de continuidade.

Ela levou a uma extraordinária expansão econômica fazendo da China o país de mais alto e persistente crescimento econômico dos tempos modernos. Com um PIB de $1,932 bilhões1, com exportações superiores às dos EUA e Japão, um fluxo de comércio superior a um trilhão de dólares e reservas também superiores a um trilhão de dólares, a China afirmou-se como um grande ator da economia mundial. A previsão do governo chinês é atingir um PIB de $4 trilhões em 2020.

Devido ao seu tamanho e característica estruturais, a permanência de altas taxas de crescimento econômico vem pondo em curso amplas transformações econômicas e sociais que, se persistirem, projetam novos processos de crescimento e novas transformações na divisão internacional do trabalho. Por outro lado, devido a sua história e inserção geopolítica, o desenvolvimento chinês vem provocando novos e velhos desafios entrelaçados, cujo enfrentamento vem definindo uma abrangente estratégia nacional. O objetivo básico desta estratégia (tal como historicamente idealizada por Chou Enlai e Deng) é o de elevar o status internacional da China como potencia econômica e política capaz de influenciar, ao invés de apenas responder aos desafios impostos pelo sistema internacional. Tal objetivo gera o que poderia ser descrito um “dilema de segurança” que se antepõe a qualquer potencia em ascensão: a construção de estratégias de segurança desperta potencial retaliação do poder militar estabelecido (no caso os EUA); a não construção destas estratégias aumenta a possibilidade da retaliação. (Goldstein, 2001)

São cinco os desafios principais que o desenvolvimento chinês vem enfrentando e que se projetam no futuro imediato: manter o crescimento econômico elevado e deslocar a estrutura produtiva na direção de setores intensivos em ciência e tecnologia; reduzir as assimetrias sociais e regionais de forma a conter a crescente contestação interna e manter a unidade do PCC; expandir a influência econômica e política da China no Sudeste Asiático; garantir a expansão de fontes de suprimento de energia e matérias-prima; e por último, mas de importância maior, modernizar as forças armadas, dissuadir o projeto de autonomia de Taiwan e contornar as iniciativas estratégicas americanas de isolar e conter a China.

Como será discutido no restante deste texto, o enfrentamento destes desafios econômicos, políticos e militares se entrecruzam em muitos planos.

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